O texto The World is not a Desktop do Marc Weiser discute o desenvolvimento de interfaces e tecnologias para o mundo atual e o futuro. No texto Weiser defende que as melhores interfaces e hardwares são aqueles considerados invisíveis e permitem que foquemos nas nossas atividades. De acordo com a mentalidade e proposta do texto acredito que as tecnologias atuais estão caminhando nessa direção. Acho que muitos hardwares já propõem serem o mais neutros e "invisíveis" possíveis através de cores, formas e usabilidade das telas e teclas, gerando uma experiência agradável que chega próxima ao natural. Contudo, considerando o exemplo dado no texto, de atalhos de teclado que se tornam naturais ao corpo acho que ainda não são ideais.
Falando especificamente de computadores, acho que os usuários ficam confusos quando os movimentos e combinações de teclas não são padronizados como acontece com produtos Apple versus qualquer outra empresa. Existem usuários de produtos Apple que não utilizam nada que não for da marca, nesses casos eu acredito que a pessoa está sim acostumada aos padrões de interação criados pela empresa e já navega por diferentes interfaces com certa naturalidade. Quando pessoas que não estão habituadas utilizam pela primeira vez um dos produtos Apple, a interação que antes comentei ser natural passa a ser uma experiência confusa. Por experiência própria dentro da minha faculdade, sempre sinto muita diferença quando começo a usar mais um laboratório ou outro variando os tipos de computador. Esse é um exemplo de como ainda não temos, no geral, uma tecnologia invisível já que não temos um acordo entre as empresas do que é o padrão em termos de interações, uma vez que muitas vezes isso pode ser usado como diferencial e favorecer as vendas de uma empresa específica.
Mesmo em atalhos de teclado padronizados existe uma variedade tão grande e combinações de teclas infinitas que se tornar mais complicado do que prático o seu uso. Existem sim atalhos que são básicos e quase todos usuários já possuem uma memória motora e automática para a reprodução dos mesmos, contudo existem centenas de atalhos que mesmo sendo úteis não são práticos nem instintivos uma vez que viram combinações de teclas aleatórias. O uso de atalhos de teclado deveria ser atualizado de alguma forma para que a curva de aprendizado deles seja mais natural e usuários de primeira viagem e/ou pessoas com dificuldades tecnológicas conseguissem usufruir de novas tecnologias com mais facilidade.
Outra via seria tornar a interação através do mouse/tela mais prático e dinâmico sem necessidade de vários toques. Diferente do que o autor Marc Weiser pensa sobre os filmes de ficção científica, eu acredito que muitos deles com suas telas flutuantes buscavam representar uma forma de usabilidade mais natural e integrada com nosso dia-a-dia do que nossos teclados atuais que ainda se assemelham muito a máquinas de escrever de séculos atrás. Assim como muitos filmes queriam apenas chocar, acredito que muitas obras de ficção possuem propostas muito mais interessantes que atalhos de teclado e demonstram interfaces que vão direto ao ponto, sem dificultar a jornada do usuário na sua atividade.
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