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Foto do escritorMarina Telles

Bio Design

Antes de estudar e pesquisar mais sobre Bio art/design eu tinha uma visão meio deturpada e distópica do conceito. O que vemos em filmes de ficção em relação a manipulação de genes, moléculas, ou características básicas e naturais de qualquer ser vivo, sempre é uma perspectiva negativa de uma realidade em que a Bio art se torna difundida. Sempre ficamos aterrorizados ao imaginarmos experimentos científicos que criam seres mutantes perigosos, e acredito que a visão apresentada em filmes e as nossas reações a elas partem de um certo conservadorismo. No sentido de que parece que o ser humano e tudo que tem na Terra são criações divinas da Natureza/Deus e que não podemos tentar alcançar tais "cargos". Obviamente que quando envolvemos vidas em experimentos científicos devemos sempre manter a ética do nosso lado e ponderarmos sobre nossas escolhas e consequências durante o processo de desenvolvimento e pesquisa, evitando causar sofrimento para as formas de vida envolvidas.

 

Os lados negativos do Bio Design já são muito discutidos na área do entretenimento, contudo na vida real e atualmente esse campo se apresenta de uma forma muito diferente. Uma cientista que descobri recentemente é uma das minhas maiores referências no Bio Design, Neri Oxman, designer e professora no MIT Media Lab. A professora coordena uma série de pesquisas buscando formas mais sustentáveis de abordar problemas e criar uma relação mais harmônica entre a humanidade e o ecossistema terrestre. Seus projetos buscam soluções na natureza através de características de seres vivos e os combinando com outros elementos, sejam completamente naturais ou alterados por interferência humana. Um dos melhores exemplos para descrever o trabalho dela é o Silk Pavillion (Pavilhão de Seda), onde ela construiu uma grande esfera coberta por seda. A principal questão na produção de seda é que a indústria atualmente precisa cozinhar os bichos da seda vivos dentro de seus casulos para assim obterem o fio que os envolve. Estudando o comportamento dos insetos, seu ciclo de vida, como interagem com o ambiente e outras questões naturais do animal, o time criou uma estrutura que era um ecossistema ideal para o bicho da seda. Durante suas pesquisas, descobriram que a luz e calor afetam a densidade, forma e tamanho que o animal produz seu fio, logo projetaram para que a variação de luz induzisse os insetos a cobrir a estrutura inteira criada por eles.

 

O que esse projeto representa dentro do Bio Design é exatamente o que eu acho pessoal que a ficção científica não mostra. É muito além de criar aberrações com mutações genéticas; é compreender como os seres e elementos com quem compartilhamos o planeta funcionam e junto com a ética e a razão desenvolver projetos benéficos para ambas as partes. No Pavilhão de Seda, as lagartas têm seu ciclo de vida completo, tendo fonte de alimento, se reproduzindo e seguindo suas vidas como se estivessem na natureza. O trabalho conjunto das lagartas no final gera um grande pedaço de seda, onde não foi necessário a morte de várias delas para a produção. Acredito que essa mentalidade que vemos nos projetos desenvolvidos pela Neri Oxman e seu time será realmente a solução do futuro.


Referências:


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